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terça-feira, 24 de novembro de 2015

[RESENHA] A escrava Isaura, Bernardo Guimarães

Por Amanda Medeiros

Fada! Deusa! Anjo! Escrava.
A ESCRAVA ISAURA

SINOPSE: Isaura é uma moça linda. É desejada por muitos homens. Tem a pele quase branca, sendo filha de uma mulata e um homem branco. Mas ela não tem liberdade para agir por sua vontade, porque é uma escrava. Ela pertence a Leôncio, um fazendeiro autoritário que não admite ser contrariado e quer o amor da moça. Por isso, Isaura é obrigada a fugir para longe.Essa é a história do romance de Bernardo Guimarães, escritor que estava interessado em discutir a maior vergonha social brasileira, a escravidão. Por mais de 300 anos o Brasil conviveu com gente sendo propriedade de gente. E Isaura, mesmo tendo pele quase branca, sofre os horrores da falta de liberdade, nesta história romântica com final feliz.


Quando começamos um livro com uma enorme expectativa e temos uma grande decepção. Assim que me senti lendo A escrava Isaura. 

Isaura, uma linda mulher branca, de cabelos encaracolados e compridos, dona de muitos talentos, não é nada além de uma escrava branca, filha de uma mulata com um português. Linda como a natureza, como as flores e muitas vezes comparada a uma fada, deusa, anjo ou como uma feiticeira por causa de seus encantos, Isaura, a escrava branca, atrai todos os olhares masculinos e muitas vezes os femininos por onde passa. A primeira parte do livro narra a vida de Isaura e como todos os homens da fazenda onde mora fazem a corte a ela, mesmo esta sendo uma escrava.  Em meio a tantas promessas e investidas de seu senhor e outros homens, Isaura se cansa de todas essas investidas e ao perceber que nunca teria a sua liberdade, resolve fugir com seu pai para muito longe daquele lugar. Ao fugir, Isaura e seu pai assumem uma outra identidade para não serem encontrados, o que não funciona, já que acabam desmascarados. Contudo, Isaura encontra o seu grande amor durante esta fuga. 

É fato a importância do livro para a época em que foi escrito, porém nos dias atuais podemos considerar este, um livro até mesmo um pouco bobo já que uma mulher branca, cheia de virtudes, fala outras línguas, toca piano e canta lindamente, não poderia na época ser uma escrava. Bernardo Guimarães descreve uma perfeita mulher europeia, mas a coloca como filha de uma mulata escrava. 

Ao retratar a questão da escravatura - o livro foi esquito 13 anos antes da abolição da escravatura no Brasil- o autor aborda a dificuldade dos escravos na época, em se conseguir a liberdade, e como a falta desta liberdade tornava-os brinquedos nas mãos de seus senhores. Porém, nenhum senhor largaria a mulher para se casar com uma escrava. O preconceito do livro ocorre apenas devido ao fato de Isaura ser uma escrava, mas por esta não ser negra consegue se mesclar entre a sociedade sem sofrer o tipo de preconceito racial. Desta forma, o senhor de Isaura  ou qualquer outro homem poderia casar-se com Isaura sem que outras pessoas soubessem que ela não tem origens nobres, já que é extremamente educada e cheia de virtudes. 

Assim, vemos uma grande idealização desta escrava e uma sociedade fantasiosa. Contudo, não se pode negar a importância da abordagem do tema, não podendo-nos esquecer de que este livro pertence ao movimento Romântico Brasileiro, na qual a grande característica é a idealização da mulher, como uma mulher perfeita, sem erros, uma mulher anjo. Ao entender o contexto da sociedade da época, podemos sim considerá-la como uma boa obra, mas não posso negar minha frustração ao ler o livro.




quinta-feira, 5 de novembro de 2015

[RESENHA] Joia Rara, Luis Madureira

Joia Rara - Luis Madureira

Ano: 2012 / Páginas: 288
Idioma: português
Editora: All Print

Sinopse: Alva Ward, jovem milionária, dona de personalidade forte e beleza incomum, pensa ter encontrado o homem de sua vida, alguém por quem sente uma atração incontrolável. Tudo parece perfeito quando o tal homem também se declara a ela, não fosse o fato de o mesmo estar prestes a se casar com sua mais nova amiga. Alva está indecisa sobre o que fazer - seguir sua razão e afastar-se da amiga e de seu noivo, ou seguir seu coração e lutar pelo homem que ama? Ao aproximar-se da família da noiva, Alva vê-se repentinamente envolvida em uma série de assassinatos, passando a ser considerada a principal suspeita. O que de início parecia um sonho encantado, torna-se para ela um real pesadelo.

Olá pessoal! Faz um tempinho que não apareço por aqui mas hoje eu vim contar um pouquinho deste livro nacional que despertou em mim sentimentos tão ambíguos.
Então vamos lá?

Como vocês podem ler na sinopse, o enredo é sobre uma linda mulher, Alva Ward, que cansada de suas discussões com seu pai sobre empresas e negócios, resolve tirar umas férias de seu trabalho e de sua cidade, São Paulo. Porém, seus planos são interrompidos quando surge a oportunidade de organizar um casamento no Rio de Janeiro. Sheila Parker, outra milionária, dona da Parker Joias está se casando e precisa de alguém que organize sua festa de casamento, motivo pela qual encontra a empresa de Alva na internet. As duas mulheres se tornam amigas e Alva descobre que o rapaz que estava hospedado no mesmo hotel por quem ela tanto gostou, é nada mais, nada menos que o noivo e futuro marido de Sheila. Os noivos se casam e Alva acaba passando alguns dias na casa de Sheila, lugar onde ocorre uma série de assassinatos após a lua de mel do casal.

Logo de início, o livro se mostra bem intrigante e dono de um mistério que logicamente só é resolvido a partir da metade do mesmo. O primeiro capítulo inicia com o assassinato da mãe de Sheila e com um bilhete depositado acima de seu corpo dizendo "Da próxima vez, faça o que eu mandar". A partir daí já criamos várias expectativas que os romances policiais nos fazem criar. 

O livro é narrado em terceira pessoa e o narrador é onisciente, ou seja, ele sabe de tudo o que todas as personagens estão pensando. Existem vários núcleos de personagens, como o núcleo da favela, o núcleo da delegacia, o núcleo da casa dos Parker, o núcleo da empresa do pai de Alva. Em cada capítulo, o narrador dá um foco diferente, o que fez parecer muito com uma novela e isso com certeza foi um ponto positivo do livro, não deixando-o cansativo e focando apenas um único núcleo de personagens de cada vez. Porém, apesar da história ser bem interessante, não achei nada muito original, já que os assassinatos ocorrem apenas e unicamente pela ganância de uma personagem específica: o vilão se passa de bom moço, conquista a "riquinha" por causa do dinheiro e planeja obter esse dinheiro só para si a todo o custo.

Mas, dois pontos me incomodaram no livro: Alva, a personagem principal, passa todo o início do livro brigando com seu pai sobre dinheiro e mostrando ser uma pessoa elegante, com uma boa índole e um bom coração, mas que não teve muita sorte no amor. Ao mesmo tempo, a personagem se veste como uma verdadeira "periguete", usando apenas roupas curtas para que os homens, inclusive os casados e recém-casados, olhem para seu belo corpo. Para mim, essa atitude de praticamente se oferecer para os homens, não combinou muito com a índole de boa moça que o autor tentou construir.

A segunda coisa que me incomodou bastante foi que Alva apesar de se mostrar cheia de personalidade, se torna a melhor amiga de Sheila em apenas uma única conversa e se apaixona pelo noivo da amiga em apenas um único encontro no qual eles apenas se tocaram. Nem beijo houve entre eles. Como uma pessoa se torna BFF (Best Friend Forever) de uma pessoa que ela nunca viu na vida em apena um único encontro, sendo este um encontro profissional? Como uma pessoa se apaixona perdidamente por outra com apenas uma única conversa, um único toque? Bom, eu não acredito em amor à primeira vista então para mim isso é incabível. Claro que você pode sim ficar encantada à primeira vista, mas não apaixonada, o que é uma diferença muito grande.

Contudo, a escrita do autor é ótima, ele é bem detalhista com relação a lugares e claro, às roupas que Alva usava. Não posso também deixar de falar do crescimento da personagem de Alva, que deixou um pouco de lado sua ingenuidade e seus sentimentos para olhar mais claramente os fatos e mudar todo o rumo da história, ajudando a desvendar os assassinatos, o que ao meu ver, foi o melhor da história. Por fim, gostei muito do enredo, no entanto, não consegui identificar originalidade na obra. Parece que eu li o enredo de uma novela das 21h, o que não fez com que deixasse de gostar, já que adoro novelas!

Espero que tenham gostado da resenha e como já disse logo de início, por ser um livro que me despertou sentimentos ambíguos, considerei a nota de 3 estrelas.
Espero tenham a oportunidade de fazer a leitura para poderem tirar as próprias conclusões! Se gostou da resenha deixe um comentário, se já leu o livro e discordou do meu ponto de vista você também pode comentar sobre sua opinião com relação ao livro!!
Até a próxima =)