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sexta-feira, 17 de abril de 2015

[RESENHA] Auto da barca do inferno, Gil Vicente

Olá queridos leitores!

Hoje vim falar pra vocês do livro Auto da barca do inferno de Gil Vicente. Este livro é datado de 1517 e faz parte da corrente Humanista da Literatura Portuguesa. É uma obra do gênero dramático-lírico, ou seja, uma peça de teatro escrita em forma de poesia. As estrofes são compostas por 8 versos de redondilhas maiores (7 sílabas poéticas em cada verso).

Gil Vicente faz uma analogia do juízo final e uma crítica à sociedade da época que acreditava que independente de suas atitudes o importante era participar da igreja e pagar as suas indulgências. A intenção de Gil Vicente é mostrar justamente o contrário: o que vale são as intenções e as atitudes perante outro. 

Contudo, Gil Vicente escolhe seus personagens de forma a representar as classes sociais e a forma como pensam. Uma obra crítica porém divertida e, por mais que há uma crítica com relação às atitudes do povo português perante à sociedade, Gil Vicente é muito religioso e não impede com que os Cavaleiros Medievais que lutam e matam pessoas em nome de "Deus" (o que na verdade é em nome dos homens), deixem de ir para o Céu, na barca do anjo.

Uma obra curta, de leitura rápida, porém o idioma é o Galego Português que dificulta um pouco o entendimento de algumas palavras.
Vale a leitura para conhecer um pouco da cultura portuguesa bem como os pensamentos da época.

Segue abaixo uma transcrição da obra:

Joa. Aguardai, aguardai, houlá!
       E onde havemos nós d'ir ter?
       Dia. Ao porto de Lúcifer.
Joa. Ha-a-a...
Dia. Ò Inferno! Entra cá!
Joá. Ò Inferno? Eramá!
        Hiu! Hiu! Barca do cornudo.
        Pero Vinagre, beiçudo,
        Rachador d'Alverca, huhá!
        Sapateiro da Candosa!
        Antrecosto de carrapato!
        Hiu! Hiu! Caga no sapato,
        Filho da grande Aleivosa!
        Tua mulher é tinhosa
        E há de parir um sapo
        Chentado no guardenapo!
        Neto de cagarrinhosa!

4 comentários:

  1. Amanda,
    Eu já havia escutado algo do Gil Vicente, mas nunca havia parado para procurar nada dele, obrigado pela oportunidade, adorei e vou ver se acho outras coisas dele =D
    www.pontoparaler.com.br

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    1. Oi Paulo! Do Gil Vicente temos o Auto da barca da Glória e a Farsa de Inês Pereira também são bem conhecidos. Vale a pela viajar pelo universo literário com estes autores clássicos! 😉

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  2. Já li esse livro a um tempinho. Sabe considero ele uma leitura obrigatória!!! E se formos atentos encontraremos muito do "hoje" durante a leitura.

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    1. Alessandra concordo plenamente com você! Continua sendo uma leitura atual mesmo depois de mais de 500 anos de escrita! A analogia que Gil Vicente faz com a religião é muito inteligente e se podemos considerar um texto atual, significa que nestes 500 anos a essência humana não mudou muito não é mesmo!? Um abraço

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