Por Amanda Medeiros
Olá meus amores tudo bem? Andei um pouco sumida devido à correria do dia a dia, muitas provas, concursos e também por que estou sem computador por enquanto.
Hoje vim aqui falar um pouquinho, não de livros, mas sim de dois contos do nosso grande autor clássico da literatura brasileira, Machado de Assis, nosso divo dos romances e contos.
Para quem não sabe, Machado de Assis escreveu muito mais do que romances como "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro". Ele também foi um grande contista e muitos de seus contos viraram filmes ou peças teatrais. Dentre eles estão "A cartomante", "O espelho", "A igreja do diabo", "O Alienista" e "O enfermeiro". Hoje vim abordar um pouquinho o tema da loucura que além de estar presente em muitas das obras do autor, também se faz presente nos contos de O Alienista e O enfermeiro.
Quem é louco? Esta é a grande questão proposta neste conto. Conto extenso, quase uma novela, O alienista é uma obra-prima da nossa literatura. Nessa narrativa, publicada pela primeira vez em 1882, Machado de Assis (1839-1908) conta a história do eminente doutor Simão Bacamarte. Dedicado estudioso da mente humana, o médico decide construir a “Casa verde” – um hospício para tratar os doentes mentais na pequena cidade de Itaguaí. Com um estilo realista e fantástico a um só tempo, Machado conduz uma história surpreendente e mostra ao leitor que tudo é relativo e que a normalidade nem sempre é aquilo que a ciência e os fatos atestam de forma absoluta.
Sob a promessa de que sua história não seria publicada enquanto vivesse, Procópio revela em seu leito de morte um incrível fato de seu passado: enfermeiro de Felizberto, um coronel avarento e despótico, acaba num momento de fúria matando o patrão por asfixia. Na leitura do testamento, por ironia, descobre que é o herdeiro universal do coronel.
Nos dois contos encontramos a loucura e a ironia como grandes características das obras. No primeiro, o protagonista, Doutor Simão Bacamarte, um grande estudioso da mente humana, resolve estudar a loucura a fim de contribuir para a comunidade médica sobre os critérios de se definir uma pessoa louca ou sã. O que o doutor Bacamarte não sabia é que todos possuímos neuroses, ou seja, todos podemos ser considerados loucos aos olhos do Dr. Simão. Sendo assim, Doutor Simão interna boa parte da cidade de Itajaí na Casa Verde, local construído para que os loucos pudessem ser internados e tratados. Doutor Simão era tão obcecado pela loucura que não conseguia enxergar a sua própria. Afinal, sua obsessão em classificar a loucura também poderia ser considerada um sinal de loucura. Ao concluir que o normal era ser louco, resolve internar a si próprio na Casa Verde. Concluindo que todos que tinham algum distúrbio poderiam ser normais, o verdadeiro louco então, era ele.
No segundo conto temos o enfermeiro Procópio que cuidava pacientemente de um coronel muito doente que só sabia maltratar todos os enfermeiros que contratava. Numa noite porém, muito cansado, o enfermeiro adormece e esquece de dar o remédio ao velho. É acordado por este agredindo-o fisicamente e assim acaba matando-o numa luta física. O que o enfermeiro não sabia é que o velho deixara toda a herança em nome do enfermeiro que enriqueceu por conta do assassinato. Ao matar o patrão, o enfermeiro passa a ter alucinações e pensamentos persecutórios, pensando que todos soubessem quem de fato matou o coronel. Para de alguma forma redimir-se de seu crime, Procópio passou a defender o coronel para todos na cidade, procurou saber se a doença realmente o mataria e prometeu dar toda a fortuna aos pobres, o que claro, não o fez. Após passar o estado de loucura, o enfermeiro acostumou-se com o dinheiro e deu apenas uma pequena parte deste dinheiro aos necessitados, o que mostra que o homem, por melhores intenções que tenha, sempre será materialista.
Machado de Assis, coloca suas personagens como suscetíveis à loucura, materialistas e irônicas. Simão Bacamarte, quanto mais loucos internava na casa verde, mais ele lucrava. Assim como Procópio também não quis doar o dinheiro recebido em herança aos pobres. A ironia temos quando o velho coronel deixa toda sua fortuna a seu assassino e quando o alienista, aquele que julgava todos loucos, também o era. Não existem personagens perfeitas na obra de Machado. São personagens reais, personagens que podem ser boas e ruins ao mesmo tempo. O alienista torna-se um tirano, enquanto que o enfermeiro torna-se um assassino. Ambos ótimos e muito competentes em suas funções. Portanto, o autor consegue construir personagens extremamente surpreendentes, não são monótonas e muito menos previsíveis. Será por isso que é considerado um dos maiores e melhores autores da nossa literatura?
Leituras recomendadas!
Bom pessoal, esta foi uma pequena análise dos dois contos de Machado de Assis a partir de um comparativo entre suas principais personagens. Espero que tenham gostado. Até a próxima !
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