[RESENHA] O Vilarejo - Raphael Montes

Por Ana Luiza Berger

Olá pessoal, hoje trago mais um livro da categoria de suspense/terror pra vocês. O livro O vilarejo de Raphael Montes é uma coletânea de histórias um tanto mórbidas e assustadoras que prende o leitor até o final, o tipo de livro em que lemos em uma sentada!

O Vilarejo 

ISBN-13: 9788581053042
ISBN-10: 8581053041
Ano: 2015 / Páginas: 109
Idioma: português
Editora: Suma de Letras

Disponível em: http://amzn.to/2rUmRj4

Sinopse: Ilustrações coloridas dão vida a romance com elementos de horror gótico e suspense Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas.É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome. As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão.

Após receber os cadernos de Elfrida Pimminstoffer, falecida a alguns meses, o narrador aceita a proposta vinda de um sócio de uma sebo no Rio de Janeiro, analisar aquele material escrito em uma língua estrangeira. Os cadernos retratavam episódios de fatos que ocorreram em um vilarejo, fatos de pura morbidez e brutalidade que chocariam qualquer um. Foram divididos em capítulos junto com ilustrações bizarras que retratam cada um dos Demônios; Os Sete Reis do Inferno.

• Asmodeus ( luxúria) 
• Belzebu (gula)
• Mammon (ganância)
• Belphegor (preguiça)
• Satan (ira)
• Leviathan (inveja)
• Lúcifer (soberba)

Os cadernos ilustrados de Elfrida Pimminstoffer chegaram a mim de maneira inusitada. No início de 2014, recebi uma ligação do Maurício Gouveia, sócio do sebo Baratos da Ribeiro, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Maurício me explicou que havia adquirido uma coleção de mais de sete mil livros de uma senhora chamada Elfrida Pimminstoffer, falecida meses antes, aos cento e dois anos.

Cada conto fala sobre os sete e vemos claramente a crítica social por trás daquelas histórias, o quanto as pessoas são mesquinhas e más capazes de qualquer ato insano para se conseguir o que almejam. 

Fatos e acontecimentos que cercam o vilarejo em uma época de guerra, fome e frio, famílias fazendo o que podem para se virar naquele lugar esquecido onde o gelo cerca todas as casas, impedindo que até mesmo alimentos sejam encontrados. As plantações foram destruídas pelo frio, os animais morreram e o calor já se tornou escasso. 

O velho estava certo. O vilarejo vem sendo dizimado dia após dia. O luto sentou-se à mesa. Ninguém chora os mortos. Não podem desperdiçar energia lamentando a partida dos que não suportaram o frio e a fome.

A cada passagem no livro, ficamos chocados com as atrocidades cometidas por aquela população, diante de situações difíceis consumidas por seus pecados e absortas naquele cenário caótico.
Uma das partes que mais me chocou foi o conto do Asmodeus, ao mesmo tempo que me deu repulsa no início e raiva, ao final por mais que pareça ser cruel, me pareceu que o final designado para o personagem principal foi satisfatório diante de tudo que aconteceu.

Ele nunca tinha dado muita importância aos desafetos entre adultos, nem atentado para a filha do vizinho, que saía todas as manhãs cantarolando na direção da escola do vilarejo. 

Nesse mais novo livro de terror gótico, Raphael Montes nos traz uma obra-prima recheadas de acontecimentos assustadores, e ilustrações de tirar o sono, o livro tem uma edição maravilhosa que faz qualquer admirador de terror e suspense querer na estante.

Design do Livro 

A arte de capa dá ênfase ao vermelho, como a luz do luar de lua cheia trazendo uma alegoria de perigo. O espaçamento tanto de fundo quando de área uma visão de solidão, os tons escuros passando ar de mistério. A fonte usada lembra escritas primárias feitas em lousa (o fundo do céu ajuda nessa visão) como riscos brutos.

Os desenhos passam sentimento de gótico e morbidez, com desenhos bem trabalhados em pontos de enquadramento de visão diferentes  usando de focagem de visão para o centro, pois em suas bodas são escuras em forma de vinheta. As tonalidades de cores usadas é o vermelho e amarelo pastel, vermelho pelo realce de sangue e o amarelo pastel por simpatizar com sangue envelhecido no pano além de trazer uma questão de coloração de folhas velhas como algo antigo.

 Para aumentar o teor gráfico no livro contem manchas vermelhas simbolizando sangue, enriquecendo mais a visão para o leitor, partes esbranquiçadas lembram devaneios de pensamentos além de chamar a atenção aos pontos de luz em imagem que ajuda na descrição e detalhes para luz e sombra do desenho.

Confesso que não possuo tanto contato com literatura nacional e esse livro em especial me surpreendeu muito, me envolveu de uma forma incrível na história e com certeza veio para revolucionar a literatura brasileira de forma que possamos ver grande grandes oportunidades de crescimento em outros gêneros.

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