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quinta-feira, 12 de outubro de 2017

[RESENHA] Depois Daquela Viagem - Valéria Piassa Polizzi

Por Lidiane Medeiros


Hoje trago para vocês a resenha do livro da autora Valéria Piassa, como todos sabem amo livros nacionais, e esse é muito especial para mim, pois trata de um tema bastante sério para todos, e o livro também não deixa de ser um alerta sobre o vírus da AIDS.



Depois Daquela Viagem

Valéria Piassa Polizzi

ISBN: 850808742
Ano: 2003 / Páginas: 290
Idioma: português
Editora: Ática
Drama
Nota: 5/5


Sinopse: No tom coloquial próprio dos jovens, Valéria Polizzi relata com bom humor e descontração as farras com a turma de amigos, a dúvida entre "ficar" ou namorar, o despertar da sexualidade, a angústia diante do vestibular e muitas coisas que atormentam qualquer adolescente. Tudo isso seria perfeitamente natural se não fosse por um pequeno detalhe que iria fazer uma enorme diferença: Valéria contraiu AIDS aos 16 anos porque, segundo ela mesma, “transei sem camisinha”.
A autora mostra como, de repente, por causa de quatro letrinhas, sua vida passou por uma reavaliação radical. Ela expõe, sem meias palavras, como a doença mexeu com sua cabeça e com os seus sentimentos, ficando claro a sua resolução de preservar sua condição de ser humano a qualquer custo.
Depois daquela viagem é um livro triste e alegre, tocante e verdadeiro, um testemunho da coragem e da determinação de levar diante a vida, apesar da AIDS.

Depois daquela viagem conta a história de Valéria, uma jovem que foi contaminada com o vírus HIV/AIDS aos seus 16 anos na época dos anos 80/90, onde ela passa por maus bocados para aprender a conviver com a doença.

"Às vezes, acontecem coisas na vida da gente que nos fazem desacreditar de tudo. Desacreditar da própria vida, do amor e dos seres humanos. Mas é pra isso que existem os anjos, pra nos fazerem reacreditar em tudo e continuar vivendo."

Naquela época era muito difícil conviver com a doença, pois ela era associada à morte, e para as pessoas o grupo que tinha esse vírus era os gays, ou quem era praticante do sexo anal, o que não era o caso de Valéria. O preconceito com portadores do vírus no Brasil era absurdo e a falta de apoio dos hospitais e planos de saúde não favorecia ter uma perspectiva melhor para os infectados. A única palavra que vinha a mente era: morte.

"Descobri uma coisa triste também. Quantas pessoas eu havia deixado de conhecer, quantas coisas eu havia deixado de aprender por causa desses malditos preconceitos?"

Valéria era uma jovem como todas as outras, cheias de sonhos como qualquer outra menina de sua idade. Namorava um rapaz bem mais velho, de 25 anos, um namoro bastante conturbado, e seu namorado era ciumento e violento.

“Tive vontade de viver pra sempre perambulando pelo mundo e, assim, conhecer muito melhor as coisas, me aproximar mais do verdadeiro eu das pessoas. Mas, infelizmente, uma vida inteira só de viagens é quase impossível."

Sem muitas informações sobre os perigos de ter relações sem prevenção, aceitou quando o namorado quis transar sem camisinha, pois segundo seu namorado, camisinha era coisa de “puta”. O namoro foi continuando e, aos poucos, ela começou a se sentir sufocada. Já não podia mais sair com os amigos, nem tinha tempo para estudar, e cada vez que olhava para o lado era uma briga, e ele com um ciúme incontrolável, começou a batê-la. Até que um dia, depois de um ano de namoro, a avó de Valéria pegou ele batendo nela. Foi horrível, um escândalo. E isso provocou o fim do relacionamento.

“Lá fora é noite e faz escuro. E perdida na escuridão está a Lua. E perdida nessa imensidão estou eu.”

Dois anos depois do fim desse namoro, Valéria descobriu que era portadora do vírus da AIDS. Valéria relata seu sofrimento e o dos pais quando tiveram os resultados dos exames, o medo de encarar as pessoas e todo o tempo que passou sem contar ao restante da família e aos amigos que tinha a doença. 

"Só então eu me dei conta de que, em vez de ficar tentando formar ideias a respeito dos outros com base nesses pré-conceitos (a maioria furados), eu deveria simplesmente prestar atenção no que aquela pessoa tinha a me dizer. O que ela, como ser humano, tinha lá dentro de si. E foi então que eu descobri coisas maravilhosas. Algumas até que jamais imaginei encontrar."

Ela Conviveu durante uns dois anos com os amigos sem lhes contar nada, morrendo de medo de que alguém descobrisse tudo, de que tivessem contato com seu sangue e também contraíssem a doença, com medo de ter um namoro mais sério. Valéria termina o Ensino Médio, começa uma faculdade, mas acaba desistindo do curso. Após isso, Valéria viajou para os Estados Unidos para fazer um curso de teatro, aprendeu a viver sozinha, fez novos amigos, mas continuava com medo de contar para os outros que tinha HIV. Ela começou a ter alguns problemas de saúde, e ao procurar um médico, descobriu que existiam novos tratamentos e que a AIDS poderia ser controlada com medicação. No início, ela resistiu ao tratamento, pois estava esperando apenas sua morte chegar. Mas graças ao médico americano, que lhe incentivava, colocando-a em contato com outras pessoas que possuíam a doença e vivia normalmente, ela resolveu utilizar os remédios. Ao voltar ao Brasil, sua saúde piorou, ela passou alguns dias internada no hospital e só nesse momento conseguiu contar para os amigos e familiares que tinha AIDS. Recebeu o apoio de todos e percebeu que poderia e deveria levar adiante sua vida, sem o medo de morrer a qualquer momento, como ela tinha antes.

"Que saco! Aliás, a sociedade devia dar uma repensada nessa história de morte. Velório, por exemplo, alguém poderia me explicar pra que serve isso? Um morto lá deitado e um bando de infelizes chorando à sua volta. Revoltante! Se algum dia fizerem isso comigo, sou capaz de ressuscitar ali mesmo e mandar todo mundo pra casa."

Ganhei esse livro de uma amiga, e quando adicionei no meu perfil do Skoob muitas pessoas comentaram que ele é ótimo, maravilhoso, e eu não iria me arrepender em lê-lo, até demorei um pouco para ler, mas depois de começar não consegui mais parar.
Esse livro além de contar a vida de Valéria, ele também nos ajuda a conhecer a fundo o que um portador do vírus HIV/AIDS passa, temos que acabar de vez com o preconceito e levar informações para as pessoas que não tem conhecimento de algo tão sério, e muitos são contaminados por falta de orientação.
Sou formada em Ciências Biológicas, e quando eu tiver a oportunidade de assumir uma sala de aula, com certeza irei abordar esse tema, e trabalhar esse livro fantástico com meus alunos.
Esse é um livro com uma linguagem simples, que parece que estamos tendo uma conversa com a própria autora, cheios de emoções, divertido, intenso, com uma história real de luta, superação e sobrevivência.
Sabe aquele livro que te faz suspirar? Pois é, esse é um, não só uma vez, mais varias. Todos um dia em algum momento de sua vida deveria ler esse livro, ele é um ensinamento para qualquer pessoa.
Esse livro conquistou meu coração, e indico para todo mundo, ele nos faz pensar, querer mudar, e aproveitar cada segundo da vida.

“Obrigada Valéria por nos propocionar a oportunidade de te conhecer um pouquinho!”

"Como seria o mundo se todas as pessoas começassem a gastar cinco minutos de seu tempo umas com as outras?"

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Um comentário:

  1. eu amei esse livro! se encaixa perfeitamente no nosso seculo. e nas situaçaoes e aventuras que nós jovens passamos.

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