[RESENHA] Coraline, Neil Gaiman

Por Amanda Medeiros

Coraline

Neil Gaiman
Ano: 2003 / Páginas: 155
Idioma: português

Editora: Rocco 

Sinopse: Na nova casa de Coraline Jones existem vinte e uma janelas e catorze portas. Treze estão abertas mas há uma que está sempre fechada. E é precisamente essa porta misteriosa que desperta uma curiosidade inquietante em Coraline, levando-a a descobrir uma passagem secreta para uma casa aparentemente igual à sua. Mas depressa se apercebe de que algo de estranho se passa. Incrédula, Coraline assiste a um cenário invulgar: anjos que flutuam, livros com imagens que se contorcem, crânios de pequenos dinossauros que tiritam os dentes quando ela passa, cães e gatos que falam, brinquedos animados e os seus próprios pais que a acolhem neste novo mundo. Mas como podem os seus pais ter botões pretos no lugar de olhos? E por que motivo querem estes novos pais aprisionar os antigos num espelho existente no corredor? Será que ela está simplesmente a sonhar ou na verdade já não pertence ao mundo real? Um livro que alia qualidade estética à qualidade literária e que resulta numa poderosa e mágica ficção, sem limites entre a realidade e a fantasia.

Loucura, realidade ou fantasia?

Sabe aquele livro que você acaba escolhendo por achar que será um livro leve e tranquilo, aquele livro que você escolhe depois de uma leitura complexa, pesada e você tentar fugir de uma ressaca literária? Pois esse não é o Coraline. Neil Gaiman escreveu este livro originalmente para o público infanto juvenil mas acabou conquistando os adultos também. Um livro extremamente complexo onde a personagem principal, Coraline Jones, uma menina que vive muitas aventuras para recuperar seus verdadeiros pais que foram sequestrados por uma "outra mãe" que vive em um "outro mundo" ao atravessar uma porta que vive trancada na casa onde mora. 

Coraline é uma menina invisível aos olhos dos pais, solitária. Sua diversão é explorar os arredores de sua nova casa e se encontrar com seus vizinhos já idosos que nunca acertam seu nome e sempre a chamam de Caroline. Ao atravessar uma porta durante uma exploração, acaba encontrando um "outro mundo" onde é exatamente igual ao seu mundo mas com uma diferença: seus pais são amorosos e carinhosos, mas com olhos de botões pregados em seus rostos. 

Gaiman constrói uma ponte entre realidade, a fantasia e a loucura onde até o final do livro não temos certeza se Coraline está apenas fantasiando por ser uma menina solitária ou se está enlouquecendo ou ainda se está dizendo a verdade. 

Coraline percebe que, o "outro mundo" é um mundo de aparências e que sua "outra mãe" não é exatamente o que ela aparenta ser. Ao ser presa atrás de um espelho por sua "outra mãe", descobre a alma de 3 crianças aprisionadas lá anteriormente e resolve por um fim na situação, indo em busca da liberdade de seus pais e da alma dessas três crianças.

Uma protagonista, apesar de criança, é extremamente corajosa, determinada e apesar do medo que sente, sabe que nunca seria feliz sem os seus pais verdadeiros, mesmo com todos os defeitos que eles pudessem ter. Eles eram seus pais e ela devia fazer algo para resolver isso.

"Porque – disse ela – quando você tem medo e faz mesmo assim, isso é coragem."

Loucura, realidade ou fantasia? Indícios levam a crer que Coraline realmente enfrentou seu maior pesadelo na realidade, e Gaiman leva o leitor a enfrentar esses medos junto com Coraline. Um ótimo livro para se ler em qualquer idade, afinal para viver uma grande aventura não se tem idade, não é mesmo?